Como o erro do cristão confirma o Cristianismo

Flickr: Melanie Tata
Esses dias perambulando pelo Facebook, me deparei com a seguinte frase, atribuída a Gandhi: "Gosto do seu Cristo, mas não gosto dos seus cristãos" [1]. De fato, é comum o Cristianismo sofrer ataques como esse por causa da postura de vários de seus adeptos. Mas será que esse é um argumento válido para descartá-lo? E como eu, sendo cristão, deveria me postar diante dessa crítica?

Tiro no pé

O que aqueles que rejeitam a fé cristã dessa maneira não percebem é que usando esse argumento, estão na verdade, afirmando os pressupostos cristãos. Veja bem: o Cristianismo não prega uma perfeição do homem aqui na Terra, muito pelo contrário. Nossa fé admite que poderemos pecar e que não somos infalíveis (Rm 7.15-24). Sim, a Palavra nos exorta a buscarmos a perfeição, mas ciente que somos suscetíveis a cair durante nosso processo de santificação (1Jo 2.1). Assim, quem quer discordar da fé cristã apontando nossos delitos, acaba por afirmá-la [2].

Sendo assim, para essas pessoas, sendo honestas com suas próprias palavras, haverá basicamente duas saídas: (i) defender que há outras religiões que tornam o homem melhor que o Cristianismo [3] ou (ii) voltar-se para Cristo.

A culpa do fracasso

De fato, todas as religiões buscam o divino, afinal, o termo "religião" significa algo como "religar" [3]. A questão é que todas as religiões buscam meios morais para essa reconexão. O hinduísmo, religião de Gandhi, por exemplo, defende que o homem deve passar por ciclos de vida praticando ritos para a remoção do carma e a libertação da alma para o infinito. Esse é o mesmo objetivo do Espiritismo, alcançado também através de reencarnações e da prática da caridade. Essas religiões e tantas outras minguam em suas tentativas de aperfeiçoamento individual. Em suas escatologias [5] haverá seres melhores, quase tão bons quanto divinos. Mas não é isso que vemos na TV. O jornal parece afirmar que o futuro predito pelos cristãos é mais real. Em suma, mesmo com um argumento raso desse você percebe o ponto: todas as religiões buscam uma "ligação" e purificação de pecado por suas próprias mãos e acabam morrendo na praia. Veja o que o próprio Gandhi diz:

“Para mim, é uma tortura permanente saber que estou tão distante daquele que eu sei que é a essência de minha vida e de meu próprio ser. Sei que é minha própria miséria e iniquidade que me afastam dele” [6]

O feitiço vira contra o feiticeiro

No fundo, comparando o Cristianismo com as outras religiões, vemos mais uma vez a afirmação daqueles que julgam o cristão como arrogante e prepotente se voltar contra eles. Veja: o cristão é o único que defende que precisa de algo além dele mesmo para ser melhor. Ele reconhece seu estado de impureza perante o transcendental (Gn 6.5, Sl 51.5, Rm 3.23) e a necessidade de que o transcendente o salve de sua posição debilitada (Mt 19.25-26). Diferente dos outros discursos, não cremos que somos quase divinos, tendo a solução pros nossos males em nós mesmos.

Esperança

O Cristianismo é a única fé que traz esperança, pois prega que a necessidade do "algo além de nós" para sermos melhores foi atendida há dois mil anos. Ela foi atendida porque há um Deus pessoal que nos amou e enviou Seu Filho Jesus (Jo 3.16, Rm 5.8) para nos resgatar do pecado (Mt 20.28, Rm 6.18), nos tornar justos (Rm 3.24, Tt 2.14, 1Pe 2.24) e nos reviver com corpos incorruptos para estarmos junto com Ele (1Co 15.20-23; 52-54). Isso é Boas Novas de Salvação; isso é o Evangelho. Não temos a culpa presente na frase de Gandhi, nem a frustração dos que inutilmente tentam sozinhos e falham, pois:

"Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5.1)
"Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus, porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou da lei do pecado e da morte" (Rm 8.1)

Referências e comentários

[1] Não achei uma referência confiável. De qualquer modo, a atribuição da frase é sempre imputada a Gandhi.
[2] Deixando claro, isso não é uma apologia a uma vida em pecado para a manifestação da Verdade cristã. Paulo bem adverte isso em Romanos 6.
[3] Isso também vale para os ateus, que buscam na ciência, no ceticismo, etc., sua elevação moral, além de uma solução "melhor" que o Cristianismo.
[4] https://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o
[5] Escatologia é o estudo das últimas coisas. (RYRIE, C. C. Teologia Básica ao Alcance de Todos. Editora Mundo Cristão)
[6] COMFORT, Ray (Org.). Bíblia Evangelismo em Ação. Editora Vida, 2005

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