Se Deus é amor, você está lascado.

É comum ver na minha timeline conhecidos falando do amor de Deus, de quanto Ele é fofo e gente boa. Por outro lado, a ideia de um Deus que pune, castiga e condena ao inferno soa ofensiva para alguns deles. "Meu Deus é um Deus de amor", ele diriam. O problema é que não se pode haver um Deus puro amor se não houver um Deus justo.

Cobro o que não quero

Os grandes ataques ao teísmo são baseados no problema do mal. Os ateus questionam: como pode um Deus bom e amoroso permitir o mal? Como ele pode deixar crianças inocentes morrerem? Por trás dessa pergunta está a correta premissa de que um Deus assim não pode permitir tais injustiças.

É fácil perceber que a "exigência" de um Deus amoroso implica num Deus de justiça. Então, por que essa exigência não vale quando se trata de mim? Por que Deus deve ser justo com o mal de um ditador no Oriente Médio mas deve ser paciente e benevolente com o meu mal?

O amor se importa

Um Deus que não seja punidor da injustiça seria um Deus alheio à humanidade, e isso está longe de ser amor. Deus poderia apenas perdoar e esperar que os homens progredissem. Isso seria de fato, amor? Eu questionaria muito alguém que deixasse os políticos corruptos e terroristas impunes, apenas na esperança que eles não se comportem mais como meninos maus.

Eu também questionaria uma mãe que permitisse que sua cria ficasse livre para não escovar os dentes, acordar tarde e não ir a escola. Imagina se essa criança insistisse em brincar com fogo às escondidas. Não puni-la por sua teimosia seria uma grande ausência de cuidado e amor.

"Se Deus não se irasse diante da injustiça e do engodo e não pusesse um ponto final na violência, este Deus não mereceria ser louvado" [1]

Novela global: a lei do amor

Ou seja, se Deus, para ser amoroso, tem que julgar e punir, e para fazer isso bem, deve fazer de modo imparcial. E para tanto, deve ter um padrão de juízo baseado em lei. Essa lei seria a moral cristã (o próprio amor exige uma "lei", ou você acha que tortura é uma forma de amor?). Trocando em miúdos: Se Deus é amor, Ele deve julgar e punir baseado numa moral de conduta que Ele exige dos homens. Portanto, meu amigo, lá se vai aquele deus camarada que somente lhe diz "tô contigo e não abro".

E a coisa fica pior para você, pois eu sei que você não é capaz de cumprir essa lei. Você não é perfeito, e por isso Deus deveria ter um alvo sempre mirado no seu peito. Nessa situação, você tem duas escolhas: ou desiste de tentar ser perfeito e toca o terror com acordes dissonantes, ou pede ajuda ao Juiz para deixar passar essa, e quem sabe mais aquela. Além disso, Ele deve lhe ajudar para não cair mais nesses delitos, já que sozinho você não consegue. Vai que cola...

Encontrando brecha na lei

A boa notícia é que colou. Deus perdoou seus delitos. Aí você me pergunta: mas como? Pelo que acabei de ler, um Deus bom não deveria fazer isso. Deus puniu outro no seu lugar. O que também seria injusto, se Ele próprio não fosse o alvo do castigo.

O Deus cristão conseguiu livrar lhe livrar do castigo dando Ele próprio como sacrifício vicário, substitutivo, a todo o que O aceita como Salvador para os seus pecados e como Senhor de sua vida para o governar, evitando assim mais pecados.

"Pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho" Hb 12.6

Somente o Deus cristão poderia fazer isso. Mesmo as religiões judaicas (judaísmo, islamismo, cristianismo) sendo as únicas a definirem um Deus amoroso (ou seja, defender um Deus de amor é defender o monoteísmo das religiões de raiz judaica), apenas com Cristo temos um Deus pessoal a ponto de se importar com o mal e a injustiça, sofrer em nosso lugar, e nos auxiliar a evitarmos ser mais malignos.
Qual a prova maior de amor? Esse é o excelso amor!

"Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele". João 14:21

Notas

[1] VOLF, M., apud KELLER, T. A fé na era do Ceticismo. Editora Vida Nova, 2015.

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