Não encoste na parede - #4
Texto base: 1 Coríntios 3.10-23 |
O que foi abordado durante a série é preciso agora destacar: Jesus Cristo é o Alicerce da Igreja. Nada de novo, não é? Você provavelmente sacou isso assim que leu o título da série. Chega a ser óbvio para todo cristão. Mas, se tem uma mania entre os cristãos é se esquecerem do óbvio e fundamental (mais sobre a amnésia do óbvio aqui). Duvida?
Continuando nossa leitura da carta aos coríntios, vemos Paulo escrever: "Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo" (1Co 3.11). Antes desse versículo, o apóstolo continuara censurando a preferência dos coríntios por homens, como se eles fossem o fundamento da igreja. O que ele quer mostrar é que nenhum homem pode ser a base da Igreja.
Os posts anteriores da série:
Tudo, menos Solus Christus
Nós protestantes afirmamos que não é o papa nem Pedro o alicerce. Mas frequentemente entronizamos outro homem no lugar. Quantas igrejas de televisão são fundamentadas em seus líderes? Ou mesmo a sua congregação. Será que ela segue o evangelho segundo o seu pastor? Não é incomum vermos pastores trazendo doutrinas baseadas somente no que lhes são conveniente e agradável. E o pior é que quando detectamos esses ventos de más doutrinas, nos omitimos (mais sobre omissão aqui) e relevamos, afinal, o pastor é o alicerce e não um servo. E ao buscar aprumar o alicerce, ele pode jogar toda a construção sobre você.
O principal reflexo dessa deficiência são os sermões. As pregações já não citam o nome do Senhor Jesus. A obra de Cristo na cruz e seu significado quase já não se ouve. A segunda vinda do Filho, menos ainda. Como nos reunimos num templo baseado numa fé que não professamos? Como podemos nos considerar cristãos se não O anunciamos? Como queremos fazer missões se não falamos de Cristo nem entre nós mesmos?
As palavras de Paulo em sua segunda carta ao coríntios merecem ser literalmente transcritas copiadas:
"O zelo que tenho por vocês é um zelo que vem de Deus. Eu os prometi a um único marido, Cristo, querendo apresentá-los a ele como uma virgem pura. O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo. Pois, se alguém lhes vem pregando um Jesus que não é aquele que pregamos, ou se vocês acolhem um espírito diferente do que acolheram ou um evangelho diferente do que aceitaram, vocês o suportam facilmente." (2Co 11.2-4)
Aprendamos com Pedro. Após curar o aleijado, ele disse a todos no templo: "Este Jesus é ‘a pedra que vocês, construtores, rejeitaram, e que se tornou a pedra angular’. Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há NENHUM OUTRO NOME dado aos homens pelo qual devamos ser salvos" (At 4.11-12). Os judeus sentiram o peso desse Nome e "então, chamando-os novamente, ordenaram-lhes que não falassem nem ensinassem em nome de Jesus. Mas Pedro e João responderam: Julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus. Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos" (At 4.18-20).
Bendito seja o meu nome
Podemos, ainda que não nos baseemos em outrem, impormos nós mesmos como o centro. Só é ver os hinos que cantamos nas congregações. Fazemos de Deus um servo que nos massageia depois de uma semana atarefada. Enchemos os pulmões no banco e esbravejamos que somos campeões, vencedores, raridades. Daqui a pouco cantaremos "bendito seja o nosso nome", como diz o pastor Tiago Dutra.
No versículo 3.12 da carta analisada, o apóstolo cita materiais para a construção das paredes. Ouro, prata e pedras preciosas de um lado; madeira, feno e palha do outro. De um lado, materiais resistentes ao fogo e, sobretudo, raros, difíceis de conseguir. O obreiro que quiser edificar bem sobre o alicerce, terá que garimpar na Palavra esses materiais. Tomara que se faça isso. Eu não gostaria de me escorar numa parede feita de outro material.
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