O Dr. Estranho e o Espírito Santo - #3

Texto base: 1Coríntios 2.6-3.9
Anteriormente vimos que a Igreja em Corinto estava cometendo alguns erros que afastavam-na do seu alicerce: Jesus Cristo (veja o post anterior). Eles se esqueceram da centralidade da cruz. Como se não bastasse tamanho vacilo, eles cometeram outro erro, que Paulo aborda logo em seguida: eles não assistiram ao filme do Dr. Estranho.

Isso mesmo. Me acompanhe. O filme vai retratar um cirurgião altamente talentoso quanto egocêntrico. Após sofrer um acidente que limita as ações motoras de suas mãos, ele procura ajuda a alguns gurus que vão lhe ensinar uns dons especiais que podem lhe recuperar. Mas ele é um péssimo aprendiz. E isso se devia ao seu narcisismo que não o fazia enxergar que os dons que ele estava aprendendo não era para proveito próprio. Como sua mestra disse, "isso não se trata de você, Strange".

Espirituais mas carnais

O mesmo acontecia com os coríntios. Eles eram bem focados nos dons espirituais, mas não entendiam a razão de adquiri-los. Mesmo havendo manifestação de dons na igreja, Paulo os chama de carnais, pois não se portavam como espirituais (v. 3.1). Exerciam dons espirituais mais agiam como carnais, isto é, imaturos quanto ao Espírito que agia neles. Logo, vê-se que "manifestações" do Espírito não são sinais de maturidade e santidade.

Essa ignorância em relação ao Santo Espírito advinha do mesmo erro do Dr. Estranho: a arrogância. De fato, os coríntios eram conhecedores da Palavra e abençoados com dons espirituais (v. 1.7; 8.1; 2Co 8.7) mas se tornaram arrogantes (v. 14.36) a ponto de desprezar os ensinos de Paulo por diversas vezes e os que tinham dons "inferiores" (v. 12.22-26), causando as famosas divisões na igreja. Todavia, todas essas virtudes e conhecimento os tornaram leigos e alheios à verdadeira sabedoria (abordada no post anterior).

O ministério do holofote

O ministério do Espírito Santo que os coríntios desconheciam é o ministério do holofote: revelar a Cristo, Sua presença e obra salvifica. É por isso que Paulo após trazer à tona a centralidade de Cristo (mais uma vez, post anterior), ele apresenta a obra do Santo Espírito, nos revelando (v. 2.10) o outrora mistério (v. 2.7) para que o entendamos (v. 2.12). Que mistério é esse: a obra da Cristo na cruz, explanada anteriormente pelo apóstolo.

Jesus, ao anunciar o nosso Conselheiro, afirma: "Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse" (Jo 14.26; ver também Jo 15.26 e 16.13-15). J. I. Packer diz:

"O ministério característico, constante e básico do Espírito Santo nesta nova aliança é, desta forma, ser o mediador de presença de Cristo para os crentes - isto é, dar-lhes tal conhecimento da sua presença dentro deles como Salvador, Senhor e Deus" [1]

Conforme Tim Chester descreve, cada pessoa da Trindade busca honra ao outrem. O Filho faz conhecido o Pai e concede o Espírito; o Pai glorifica o Filho e age pelo Espírito; o Espírito faz o Filho conhecido pelos desígnios do Pai [2].

Verdadeira glória

Ignorar esse ministério do Espírito é, como já mencionado que os coríntios faziam, perder de vista a cruz, o alicerce da Igreja. Os que assim procedem, acabam caindo num cristianismo nebuloso, difícil de se definir como a verdadeira fé cristã, pois leva a um legalismo religioso farisaico tão comum em alguns círculos evangélicos que enfatizam os dons espirituais.
Eles não têm a mente de Cristo (v. 2.16) e por isso não conseguem agir de modo espiritual, discernindo uma verdadeira ética cristã (v. 2.15), "interpretando verdades espirituais" (v. 2.13).

Assim, aos "santos" que querem se gloriar de viver pelo Espírito, mas fazem pouco da "letra", acabam perdendo o excelso dom de ser guiado pelo Espírito: ter o Cristo sempre a frente da retina, o Emanuel Deus conosco, através da Palavra divinamente inspirada por este Espírito, dada aos "não tão santos" para nossa santificação (Jo 17.17) e nossa glorificação (v. 2.7).

A Bíblia é revelação especial que conduz a Salvação e boas obras (2Tm 3.16). Ela revela o Cristo. (Jo 5.39). A Bíblia é a obra prima do Espírito Santo de Deus.

Notas

[1] PACKER, J. I. Na dinâmica do Espírito. Editora Vida Nova, 1991.
[2] CHESTER. Tim. Conhecendo o Deus Trino: porque o Pai, Filho e Espírito Santo são boas novas. Editora Fiel, 2016.

Comentários

Postagens mais lidas no mês

Entendendo a piada - #1

Política é coisa do capeta? - Política #1

A teoria Dragon Ball Z - Política #3