O que Cristo oferece

Flickr: spazbot29
Sabe quando você não para de escutar uma música. Pois é, eu estava assim com a canção "Ele é" de Os Arrais (eu sei,  já estou enchendo o saco com eles). Quando vi um vídeo explicando a inspiração da letra [1], gamei mais ainda na música e comecei a refletir a respeito da narrativa dela.

Trocas comerciais

É explícito a busca por vitória e prosperidade nos templos do nosso país. Os pedidos por vantagens, alguns podem argumentar, são endereçados a Cristo. Entretanto, há alguns "encargos monetários" e juros que os que buscam apenas as mãos de Deus não querem arcar.

Lavando roupa suja

O primeiro deles é a humilhação (eita palavrinha frequente nesse blog). Na primeira estrofe da canção supracitada, ouvimos a narrativa da mulher samaritana indo ao poço em busca de água. Ao encontrar-se com Jesus e ouvir da água viva, ela pede pra beber dela. E o que Cristo lhe dá logo em seguida? Seu pecado escancarado (Jo 4.15-18).

É certo que a glória de Cristo acentua a nossa pequenez assim como a luz escancara as rugas, falhas e imperfeições. Em Isaías 6.1-5 o profeta se dá conta de sua impureza ao ver o Eterno. Pedro, ao ver o agir de Jesus procede do mesmo modo (Lc 5.8). A contemplação do Senhor levou esses homens a entenderem a pequenez de si mesmos. É impossível se achegar a Cristo e não vê seu pecado refletido nos olhos do Senhor.

Barro que ainda faltava

Falando em luz, a segunda parte da canção traz à tona a história do cego curado. Ali Jesus declara "Eu sou a luz do mundo" (Jo 9.5). Essa afirmação é fantástica, tendo em vista que logo em seguida Ele faria com que os olhos de um cego se tornassem sensíveis à luz. Mas me permita ir um pouco além.

Somando essa alusão da luz ao barro nos olhos, sou levado ao gênesis. Lá Deus começa sua criação com "haja luz" e a termina com barro. Isso me leva a ver esse milagre de Jesus como uma criação; nova vida. O cego de nascença enxergou e nasceu de novo (Jo 9.35-38). O barro que ainda faltava, como diz a música, agora já não falta mais. Agora ele é um ser completo. Esse é o resultado do encontro com o Senhor. Você sai completo. Feito nova criação.

Nem prata nem ouro

Para terminar, há uma passagem que a canção não cita, mas ela me vem à mente. Está em Atos 3. Nela vemos um coxo no templo pedindo esmola. Perceba: ele está no templo de Jerusalém e o que ele vai buscar são alguns trocados! E ele confia na piedade dos homens de oração que lá estão. Afinal, tem coisa mais segura do que confiar nas obras de homens?

É isso que a teologia da prosperidade faz. Ela leva seus adeptos às portas do templo em busca de migalhas em forma de metais. Ela instiga seus fiéis a confiar em obras de outros homens.

Mais sobre salvação:

Ao fazer seu pedido pela n-ésima vez, o manco se depara com Pedro e João. Os apóstolos o fitam. A NVI traduz como "olharam bem", o que seria um olhar diferente do que damos aos mendigos nas esquinas. E então, pelo nome de Cristo, aquele homem miserável recebe o que precisa. Pés firmes? Não, mãos firmes.

Leitor, é um milagre! Pra quê Pedro teve que estender a mão? Será que o nome de Jesus tem poder pra curar mas não para levantar? É claro que não. O próprio Cristo fez o mesmo milagre sem precisar esticar os braços (Jo 5.8-9).

A mão direita de Pedro, acompanhado de seu olhar fixo, é um testemunho de afeto, empatia, amizade, encorajamento. Amor. O nome de Cristo trouxe mais que um sinal miraculoso, trouxe uma mão mais quente que aquelas moedas frias. Trouxe o calor da misericórdia. Pois o que Cristo nos oferece, Ele é.


Olha uma excelente versão da música. O que essa turma fez não está no gibi! Caso você queira algo mais básico pra apreciar a letra, confere o link abaixo.

Notas

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