Verbo mais que perfeito - Conhecimento #3

Quando a Palavra de Deus é negligenciada, a religião pura e verdadeira desaba. Quando ela desaba ninguém pode, nem será salvo. Erasmus Sarcerius (1501 - 1559) [1]

Flickr: Jan Murin
Você se lembra das aulas de inglês no seu ensino médio? Provavelmente você sequer aprendeu algo além do verb to be. Parece até que tudo que a gente precisava aprender do idioma se resumia nisso. Depois descobrimos que não era o suficiente. Todavia, eis que lhe apresento um Verbo que é suficiente para falar a linguagem espiritual. E não, eu não estou falando dos dons de línguas.

Lâmpada para os pés

O que já foi dito durante a série conhecimento agora é necessário formalizar. A Bíblia é a única fonte de autoridade para a vida cristã. Ela é a Verdade (Jo 17.17), não uma verdade qualquer, mas a Verdade. Por isso toda ela, sem exceção é que deve ser a nossa referência de comportamento correto (Sl 119.105; 2Tm 3.16-17). Além disso, o que eu quero mostrar aqui é que a Palavra é a referência infalível é porque ela emana do Ser infalível do nosso Deus.

Escrita pelo dedo de Deus

É um argumento apologético comum falar sobre a coerência da mensagem bíblica, mesmo sendo escrita por diversos autores. Mas eu não quero me deter na defesa apologética [2], e sim no seu conteúdo transcendental. O que eu quero enfatizar é que a Bíblia é coerente porque ela foi escrita por um único autor, o Santo Espírito de Deus. Sim, o Espírito impeliu, isto é, conduziu a sua concepção de modo que não há falhas (2Pe 1.21). Ele conduziu os apóstolos a lembrarem de tudo o que o Senhor havia ensinado (Jo 14.26) e graças a esse amoroso cuidado no nosso Deus, temos hoje nossa bússola.

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Viva e eficaz

Mas não para por ai. Dizer que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada pelo Espírito, dá a ela mais que perfeição. Dá a ela vida! Esse já é um adjetivo já batido, mas vamos examinar a profundidade disso.

Em Salmos 33.6 vemos o paralelismo judaico sugerindo que a Palavra de Deus e o Espírito de Deus são a mesma coisa. Conforme J. I. Packer diz: "No Antigo Testamento, a Palavra de Deus e o Espírito de Deus são figuras paralelas, (...) Ambas as expressões se referem ao seu poder em ação" [3]. E o que dizer de João 1, onde o Verbo, ou a Palavra [ver observação 4], é o próprio Deus Filho?

Além disso, a Palavra de Deus, conforme Hernandes Dias Lopes aponta, recebe atributos divinos, "ela é eterna (Sl 119.89;160), onipotente (Is 55.11) e perfeita (Sl 18.30)" [5]. Por isso ele continua afirmando:

"Quando ouvimos ou lemos a Palavra de Deus, temos um encontro com o próprio Deus. A Palavra de Deus é inseparável de Deus" [5].

Meu caro leitor, a Palavra pela qual Deus criou o universo está agora a sua disposição. Ela está ali, na sua estante ou talvez (você nem lembra) na sua mesa. Peguei-a; leia-a e creia em seu poder eficaz. Você ama seu Senhor? Então deseja conhecê-Lo. Graças a Ele, você O tem todas as vezes que folheia as páginas desse livro sagrado. Você quer curar feridas da alma? Toque nessas páginas assim como a mulher tocou no manto de Cristo. Você sofre tentação? Use-a a seu favor, como o Senhor também o fez. Por fim, estimado leitor, ame-a.

Referências

[1] GRANCONATO, M. Pequeno manual de doutrinas bíblicas. Editora Hermeneia, 2014.
[2] Apologética é a defesa racional da fé. Campo de estudo da teologia.
[3] PACKER, J. I. O conhecimento de Deus. Editora Cultura Cristã, 1973.
[4] O termo grego da passagem seria "logos" que é mais do que palavra proferida. Seria para os gregos (inclusive objeto de estudo dos pré-socráticos) como uma racionalidade que guiou a criação [6]. De qualquer modo, essa racionalidade é a base para a ordem proferida, falada por Deus no Gênesis. Em Provérbios 8.30 a racionalidade é personificada em uma sabedoria arquiteta, revelada como sendo Cristo em João 1 e em Colossenses 1.15-17.
[5] LOPES, H. D. Pregação expositiva: sua importância para o crescimento da Igreja. Editora Hagnos, 2008.
[6] SPROUL, R. C. Filosofia para iniciantes. Editora Vida Nova, 2002.

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