Sim para impeachment do Ministro da Adoração

Senado Federal: Flickr
Em tempos de delações, impeachment e inquéritos sobre ministros do governo, eu venho pedir a exoneração dos Ministros da Adoração e a exclusão desse cargo em todas as Igrejas. Como assim? Já falei aqui sobre a ilusão que os espetáculos podem trazer aos cristãos e já adentrei no assunto dos cânticos entoados nos cultos. Agora, vamos discutir sobre aqueles que se apropriam desses movimentos para se outorgarem uma posição que não lhes compete.

As castas

Está se tornando comum a criação de uma casta nas Comunidades que se denomina "Os Adoradores". Eles se olham no espelho e acham que são adoradores natos, separados para instruir e conduzir o corpo da Igreja à adoração, como Moisés fez com os hebreus. Para eles, a adoração é um talento em que eles são mais virtuosos que o restante dos irmãos. Os cabra têm unção. Já há até músicas no segmento gospel onde eles falam de sua elevada posição, parecendo querer distinguir-se dos demais. Eu gostaria de saber se, quando cantam essas canções, eles estão reivindicando seu cargo a Deus - que esqueceu de adicioná-los na Bíblia ao lado dos presbíteros e diáconos - ou se estão impondo sua autoridade aos homens.

O fato é que os homens engoliram essa. Alguns realmente acreditam que aqueles ali na frente com os microfones e instrumentos têm o dom da adoração. Talvez eles nunca tenham parado pra perceber que creem nisso, apenas são levados pelas "ministrações" dos líderes de louvor. O problema surge porque esse engodo leva a considerar minha adoração menos "talentosa" que a deles, sendo, digamos, de segunda linha. E isso leva "Os Adoradores" a errarem da mesma maneira que os fariseus, e assim eles comprometem a peregrinação de muitos (Mt 23.13-15).

Sacerdócio real

Em 1Jo 2.20-27, o apóstolo João fala que recebemos uma unção. Ele se refere a prática de ungir, isto é, untar com óleo os sacerdotes do Antigo Testamento e somente eles (Ex 30.32-33). Ora, o sacerdote era aquele responsável, dentre outras coisas, pela execução de sacramentos de adoração no templo. Sendo assim, o que João está afirmando é que agora todos nós eleitos somos sacerdotes. O mesmo João revela isso em Apocalipse 1.6 e Pedro corrobora nos chamando de "sacerdócio real" (1Pe 2.9).

A verdade é que somos todos adoradores de igual modo. Não existe níveis hierárquicos ou de intensidade. Só há aquele que adora a Deus com espiritualidade e conhecimento (Jo 4. 22-24) ou não há adoração. Não há "levitas". O sacrifício propiciatório de nosso Senhor Jesus rasgou o véu ao meio (Mt 27.51) e agora Ele, que é o nosso sumo sacerdote, nos permite achegar ao trono do Pai (Hb 4.14-16). Essa é a doutrina do "Sacerdócio universal de todos os crentes", que tem seu principal expositor a figura do reformador Lutero [1]. Essa doutrina, aliás, foi imprescindível pra a Reforma Protestante.

Heresias

O termo "heresia" está em alta e isso tem trazidos alguns constrangimentos. Mas foi assim que João enquadrou o que estava acontecendo no decorrer de sua primeira carta. Ao comentar a passagem de 1ª João 2, Hernandes Dias Lopes diz:

Os falsos cristãos do tempo de João costumavam usar duas palavras para descrever sua experiência: “conhecimento” e “unção”. Afirmavam ter uma unção especial de Deus que lhes dava um conhecimento singular. Eram “iluminados” e, portanto, viviam em um nível muito mais elevado do que o restante das pessoas. Mas João ressalta que todos os cristãos verdadeiros conhecem a Deus e recebem o Espírito de Deus. [2]

Não podemos deslizar nesses erros. Conforme João diz, temos uma unção que nos dá entendimento. Sejamos lúcidos para desfrutarmos do livre acesso ao Pai.


Referências: tomei vergonha pra organizar minhas citações
[1] Timothy George. Em <http://www.monergismo.com/textos/igreja/sacerdocio_lutero_timothy.htm> Acesso em 19 de abril de 2017.
[2] Hernandes Dias Lopes. 1, 2, 3 João - Comentários expositivos Hagnos. Editora Hagnos.

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