Eu, Tomé

"Então Jesus lhe disse: 'Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram'." (Jo 20:29, NVI)

madaise: Flickr

É comum nas Igrejas a expressão "o culto hoje foi uma benção" ou semelhantes. Ultimamente ouvi "o culto hoje foi Deus purinho". Se você estivesse nesses cultos saberia o porquê: "foi muito glória e Aleluia; muito fogo e unção". O que está por trás desse jargão é a noção de que nesses cultos "avivados e espetaculares" as experiências que temos com Deus são mais profundas. Se o líder de louvor se empolga, se o pastor levanta o tom ou em casos extremos, um membro não se aguenta no seu assento, temos um culto muito edificante.

A síndrome do Bezerro de Ouro

O homem sempre sentiu a necessidade de conhecer pela experiência o mundo. Queremos ser empiristas. E hoje o mundo cultua a religião empirista: a ciência do método científico, onde se acredita no deus da experiência. É a mesma necessidade que os hebreus tiveram quando se viram sem seu líder - observe, se viram sem algo físico e palpável. É a síndrome do bezerro de ouro.

Hoje continuamos assim. A Igreja internalizou a ideia de que o mover de Deus está nesses momentos de êxtase dos cultos e shows. Nos tornamos Tomés, onde precisamos ver o agir de Deus para fortalecermos nossa fé de que Ele está nos edificando.

Isso não é fé

Numa análise rígida na definição de fé que encontramos em Hebreus 11, isso não é fé. Ora, a fé é a certeza daquilo que não se vê! Sendo assim, não precisamos ver a Moisés, um bezerro de ouro ou pessoas ensandecidas para termos fé que Deus está presente nos nossos cultos.

Sim, repetimos como um MP3 player engasgado que cremos que Deus está em nosso templo, que Ele se revela a nós pela Palavra e que seu Santo Espírito move os lábios do mensageiro da noite. Mas agimos como assim não fosse. Só nos convencemos que essas proposições são verdadeiras quando a vemos manifestas em uma forma de demagogia qualquer.

Permita-se ser agraciado

Querido leitor, se você se encontra nesse erro, permita-se entrar em intimidade com Deus. Você O tem quando ouve seu pastor, mesmo que seu sermão não seja como o de Billy Graham. Você O tem toda a vez que abre sua Bíblia. Você O tem toda vez que medita num hino inspirado sem que precise levantar a mão pra enviar seu Ki pro Goku. Se deleite nos dons invisíveis que os membros de sua Igreja receberam, porque eles foram dados para que você possa ser edificado. Assim, você atingirá a medida de plenitude de Cristo